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Cinco termos da psicologia que você utilizava de forma errada e não sabia.

Escolhemos cinco termos ou assuntos da psicologia que caíram no linguajar comum das pessoas, porém, aplicados totalmente de forma errada. Após ler este artigo, você nunca mais falará isso.

Vamos a eles:

 

  1. A pessoa morre de medo, está com Síndrome do Pânico.

 

Nada mais natural que associar pânico com medo e, se é uma síndrome, deve ser um grande medo. Porém, isso está errado. Síndrome de pânico é classificada como um transtorno de ansiedade e não como uma fobia exagerada por algo. A síndrome de pânico ou transtorno do pânico é um evento que acontece sem nenhum motivo – nada que esteja lhe causando medo, sendo estes os principais sintomas:

  1. Sensação iminente de morte

  2. Sudorese

  3. Taquicardia

  4. Calafrios

  5. Formigamento nas extremidades do corpo

  6. Dor no peito

O ataque de pânico pode durar entre 10 a 20 minutos, sendo muito comum as pessoas correrem para o hospital, por achar que irão morrer. E isso tudo acontece sem nenhum estímulo externo, ou seja, a pessoa pode estar com os amigos, dirigindo, passeando ou até mesmo dormindo.

A ciência até agora não sabe as causas, mas sim o que acontece. A síndrome do pânico nada mais é do que uma descarga desproporcional de adrenalina e noradrenalina enviada pelo cérebro de forma descontrolada e totalmente autônoma, que causa todos os sintomas descritos acima.

Logo, síndrome do pânico não é o medo exagerado por algo. As pessoas que sofrem de síndrome de pânico sofrem de ansiedade e ter fobias ou não é uma questão secundária e não primária. Pode ocorrer a síndrome do pânico com agorafobia (medo de multidões) ou sem agorafobia.

Com estas informações você nunca mais vai dizer que quem está morrendo de medo está com síndrome do pânico.

   2.“A pessoa uma hora está feliz e  depois de cinco minutos está mal humorada, é uma Bipolar.”

Caros leitores, uma coisa é variação de humor, outra, e muito mais séria, é transtorno bipolar. Acordarmos um dia bem e outro mal; nosso humor variar durante o dia ou mesmo ter os famosos “roupantes”, nada disso é bipolaridade. Aliás, isso é comum e normal em todas as pessoas. Assim, para não enumerar todos os critérios para se ter o diagnóstico de bipolar, saibam apenas que as pessoas que sofrem de bipolaridade são acometidas a um humor depressivo profundo (daqueles de não ter ânimo de sair de casa) e na outra semana viver momentos de extrema euforia e comportamentos de extremo otimismo movidos por delírios. O tratamento de uma pessoa bipolar deve ser acompanhada por um médico psiquiatra ou um neurologista para regular esta disfunção neuroquímica.

Esperamos que depois de obter esta informação, você não sairá por aí chamando qualquer um de bipolar somente por que ela ora ela estava feliz e agora está mal humorada.

    3.“Que frescura, agora vem com essa que está em depressão.” Ou então: “Depressão é coisa de gente rica”.

Infelizmente, os casos que mais chegam aos consultórios de psicologia são de depressão. E não é frescura e muito menos só de ricos. Pelo contrário, é bastante comum em pessoas extremamente batalhadoras e que não possuem tanto dinheiro assim. Porém, é comum também as pessoas próximas aos que sofrem de depressão não entenderem bem o que ocorre. Acreditam que uma viagem ou um passeio no parque irá resolver a situação. Mas não! Depressão é uma doença muito séria e, se não tratada corretamente, pode levar à morte. Sim, à morte! Quer por suicídio, quer por baixa imunidade e acometimento de outras doenças, como o câncer. A depressão pode ter causas orgânicas – deficiência de vitamina D, deficiência vitamina B12, hipotireoidismo- ou por causas ambientais, como um luto não resolvido ou conflitos outros aos quais a pessoa não conseguiu superar sozinha.

Assim, após ter esta informação você nunca mais vai dizer que uma pessoa em depressão é fraca ou que está com frescura e muito menos que isso é coisa de rico.

 

   4.“Está todo mundo falando, coisa do inconsciente coletivo.”

Vamos lá. Carl Jung foi quem introduziu o termo inconsciente coletivo na psicologia, apesar de alguns outros pensadores terem usado o termo em outros contextos. Inconsciente coletivo, porém, é o local onde toda a experiência humana, desde os seus primórdios até o momento presente, estaria armazenada. Ou seja, cada indivíduo possui um inconsciente pessoal - fruto de suas experiências pessoais desde quando nasce- e um inconsciente coletivo, aos quais guarda as memórias dos nossos antepassados. Assim, quando repetimos como um papagaio ideias e conceitos de uma sociedade não estamos agindo como o inconsciente coletivo, mas com a psicologia coletiva (este foi o termo que Jung utilizava para estas ocorrências). O inconsciente coletivo é a região psíquica onde reside os arquétipos, logo, nada aí está consciente e nem sequer subconsciente, mas sim totalmente e profundamente inconsciente.

Cientes disso, agora nunca mais você falará que o medo do grupo tomou o inconsciente coletivo ou coisas do gênero, mas sim usará o termo “psicologia coletiva.”

    5.“A pessoa pirou, está Pinel!”

Pois bem, a palavra Pinel é uma referência a Philippe Pinel (1745-1826), famoso médico francês, considerado o pai da psiquiatra. Pessoa extremamente humana que se sensibilizou com o tratamento brutal dado aos portadores de doenças mentais de sua época, normalmente acorrentados e amordaçados.

Logo, se alguém te chamar de Pinel, agradeça, ele está te elogiando sem saber.

Alberto Maury – Psicólogo e diretor do Instituto Órion de Psicologia

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