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Anima e Animus

 

Jung introduziu vários conceitos à psicologia moderna e uma das descobertas mais fascinantes foi a revelação de que todo homem possui um aspecto feminino dentro de si – ao qual chamou de Anima- e que toda mulher possui um aspecto masculino - o Animus. A Anima e o Animus seriam, respectivamente, a personificação da natureza feminina do inconsciente do homem e da natureza masculina do inconsciente da mulher. Jung explica que “tal bissexualidade psíquica é o reflexo de um fato biológico; o maior número de genes masculinos (ou femininos) determina os sexos. Um número restrito de genes do sexo oposto parece produzir um caráter correspondente ao sexo oposto, mas devido à sua inferioridade, usualmente permanece inconsciente”.

 

Referente a Anima, Jung acredita que desde a origem, todo homem traz em si a imagem da mulher; não a imagem desta ou daquela mulher, mas a de uma imagem arquetípica, idealizada. Tal imagem é, no fundo, um conglomerado hereditário inconsciente, de origem remota, incrustada no sistema vivo, tipo de todas as experiências da linhagem ancestral em torno do ser feminino, resíduo de todas as impressões fornecidas pela mulher em um sistema de adaptação psíquico herdado. O mesmo acontece quanto à mulher. Ela também traz em si uma imagem do homem. Jung, afirma que “a experiência mostra-nos que seria mais exato dizer: uma imagem de homens, enquanto que no homem se trata em geral da imagem de mulheres; sendo inconsciente, essa imagem é sempre projetada inconscientemente no ser amado; ela constitui uma das razões essenciais da atração passional e de seu contrário”.

 

Estes dois conteúdos – Anima e Animus – estão por trás de muitos de nossos comportamentos e, diariamente, nos influenciam de modo inconsciente. Para o homem a Anima é o arquétipo da vida. Por mais que ele pense que a razão é o seu forte, a vida se apodera do homem por meio da Anima. Ele pode dominar a vida com o entendimento, mas a vida vive nele por meio da Anima, ou seja, o colorido, as emoções e a graça da vida do homem vem pela Anima. E na mulher é o inverso, ou seja, seu segredo é que a vida vem a ela por meio da instância pensante do Animus, embora ela pense que é o Eros que lhe dá a vida. “Ela domina a vida, habitualmente, por meio do Eros; mas a vida real, que é também sacrifício, vem à mulher por meio da razão (mind), que nela é encarnada pelo animus, afirma Jung.”

 

Enfim, precisamos não somente de um(a) companheiro(a) ao nosso lado para suprir nossas carências afetivas primárias, mas também para nos ensinar a ver a contrapartida psíquica que habita inconscientemente em nós. Jung diz que o homem que integra e compreende bem a sua Anima, aproxima-se também de sua própria Alma. E o mesmo com relação à mulher que integra e desenvolve o seu Animus. Há que entender, também, que tanto a Anima como o Animus possuem uma faceta negativa, ou seja, uma Anima mal desenvolvida no homem o faz ter caprichos femininos, todas as negatividades da psique feminina;  e um Animus muito inconsciente na mulher irá expressar-se por atitudes frias, racionais e/ou agressivas.

 

Alberto Maury

Psicólogo e Diretor do Instituto Órion de Psicologia

 

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