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LINGUAGEM DO CORPO 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O estudo da linguagem corporal busca identificar sinais nos gestos ou nas posturas corporais que estariam refletindo alguma emoção ou pensamento não revelado. Diferentemente dos símbolos em que os significados abrangem uma série de possibilidades, a linguagem corporal procura sinais, ou seja, uma correspondência direta e fechada. Mas, entendemos que apesar dos esforços dos estudiosos em buscarem um padrão fechado, o homem é simbólico (ver artigo “O Simbolismo do Corpo Humano”), e uma expressão corporal pode conter uma múltiplos significados, pois muitas são as variáveis que a determinam.

 

A linguagem corporal está classificada como um tipo de comunicação “não verbal”, que consiste em gestos, expressões faciais, orientações do corpo, posturas, relação de distância entre os indivíduos, entre outras. Estudos na área da comunicação indicam que um impacto total de uma mensagem é 7% verbal (apenas palavras escritas), 38% vocal (tom de voz, inflexões e outros sons), 55% não-verbal (gestos e movimentos); e, numa conversa frente a frente, o impacto é 35% verbal (palavras) e 65% não-verbal (gestos e movimentos). Pesquisadores concordam que o canal verbal é usado para transmitir informações, enquanto o canal não-verbal é usado mais para negociar atitudes entre as pessoas e como substituto de mensagem verbal. Pode-se concluir que o canal verbal é mais eficiente na transmissão de informações, enquanto que o não verbal para expressar mais as emoções.  Assim, no processo da comunicação não-verbal, a linguagem do corpo possui uma forte influência, pois nela ocorrem fatores como o tom de voz, a distância corporal, toques, o contexto da comunicação, sendo todos estes elementos agrupados e inter-relacionados.

 

 

Nos tempos modernos, um dos primeiros a pesquisar a linguagem corporal de forma sistemática foi Charles Darwin (1809-1882). Após 34 anos de pesquisas e observação, escreveu um tratado chamado “A expressão das emoções nos homens e nos animais”, que não se tornou tão famoso e influente como a “Evolução das espécies”, como sabemos, apesar de ser uma referência clássica no assunto. Darwin chegou a duas conclusões básicas: a primeira é que há uma homologia das expressões emocionais entre os homens e os animais; e a segunda é que a existência das “emoções básicas” (medo, raiva, surpresa e tristeza), é independente da cultura e da sociedade, ou seja, é um instinto primário (ver o artigo  “Como lidar com o Medo”).

 

Posteriormente, na década de 70, Ekman e Friesen iniciam uma série de investigações que o tornaram os pesquisadores mais respeitados dos últimos anos na área. Eles focaram seus estudos principalmente nas expressões e movimentos do rosto, mão, braço e perna. Após anos de estudos classificaram os gestos humanos da seguinte forma:

 

1 – Gestos simbólicos ou emblemas: sinais emitidos intencionalmente e que todo mundo conhece o seu significado;

 

2- Gestos ilustrativos: acompanha a comunicação verbal como auxílio na comunicação. Muito utilizados na oratória.

 

3- Gestos que exprimem estados emocionais: são os que refletem o estado emocional das pessoas, principalmente na face.

 

4- Gestos reguladores da interação: sincronizam ou regulam a comunicação e o canal não desaparece. Gestos que buscam dar ênfase e iniciar ou finalizar uma conversa, por exemplo.

 

5- Gestos de adaptação – realizados para manejar emoções que não queremos expressar, para ajudar a relaxar ou tranqüilizar. É muito comum as pessoas segurarem objetos ou outros movimentos que busca diminuir a tensão do momento.

 

Vejamos agora o que alguns estudos revelam sobre as linguagens de alguns membros, sendo parte deste estudo conteúdo de elementos também simbólicos.

 

Os pés

 

Como modo de posições em pé há a posição de “sentido”, onde os pés ficam bem colados uns aos outros. Esta posição indica uma verticalização não só do corpo, mas de todos os sentidos internos, refletindo e proporcionando o máximo de Atenção. Quando a pessoa está em pé e com estes mais afastados representa que está querendo chamar mais atenção para si, como um impulso inconsciente de vaidade e orgulho. A posição onde os pés estejam exatamente na largura dos ombros parece ser a mais indicada fisicamente tratando-se. Ou seja, os pés não devem estar nem muito juntos e nem muitos afastados, mas na justa proporção que harmoniza todos os outros membros do corpo, transmitindo para quem o veja, firmeza e segurança e, para o corpo que assim se posicione, uma sensação de que qualquer movimento pode ser realizado a partir deste ponto de equilíbrio.

 

Os Joelhos

 

Nos joelhos temos uma articulação e podemos perceber como anda as relações interpessoais, se rígidas ou flexíveis. O joelho fornece a sustentação do corpo, e por isso é comum algumas pessoas em estado de tensão ou medo, os joelhos enfraquecerem, ficarem “bambos”. Sentar-se de joelhos é um gesto universal de humildade, reverência ou gratidão. Muitas promessas são pagas ajoelhadas. Em contrapartida,  se alguém obriga outro a ajoelhar-se é sinal de humilhação, como se tivesse tomado totalmente seu domínio, seu poder. Quando alguém “cai de joelhos”, é sinônimo de desespero.

 

As pernas

 

Revelam o modo como a pessoa caminha na vida, como ela se conduz. As pernas são responsáveis pelo porte e pelo aspecto geral e, por isso, a importância de harmonizar firmeza e leveza. Mas, se na juventude é ela que garante  mobilidade e velocidade, na velhice, será um peso a mais a carregar. Quando vemos uma pessoa com passos muito lentos, podemos identificar se esta pessoa é mais idosa ou se têm algum problema estrutural. Mas, se for uma pessoa jovem e sadia, pode estar demonstrando que algum problema motivacional a aflige ou que há desânimo e desinteresse diante a vida. As pessoas tristes movem-se devagar, porém, nem todas que andam devagar estão tristes. Mas, a falta de meta, objetivo e motivação pela vida refletem-se em um caminhar lento, dominado por angústias, conflitos e traumas. As pessoas motivadas e mais determinadas caminham mais depressa, com ritmo e confiança. Saltitantes também são os passos das crianças, tomados ainda pela pureza e a alegria do mundo mágico interior.

A coluna vertebral

 

A coluna pode revelar como está a postura interior da pessoa. É interessante o estudo que revela que dificilmente alguém conta uma mentira sem curvar-se um pouco. A coluna encurvada também simboliza o peso da vida, desânimo, quando a desilusão consigo mesmo e o mundo tornam-se predominante. Pela coluna corre a seiva da vida e se esta encontra bloqueios a  estrutura passa a inclinar-se. Coluna ereta, sem tensão, mas com atenção, é a postura ideal. Uma postura não só revela o estado de ânimo, mas também o provoca. Assim, mesmo quando estamos desanimados, uma mudança corporal, manter-se ereto, por exemplo, muda nosso estado interior. Isso é muito importante e deve ser praticado.

 

 

 

 

Os ombros

 

Como linguagem corporal, os ombros levantados, podem sinalizar indiferença, indignação, interrogação. Um “dar de ombros”, como querendo dizer que o problema não é da pessoa é uma expressão corporal bastante comum. Ombros caídos, por sua vez, podem mostrar resignação, desânimo e desmotivação com a vida. Entre os mais os jovens a insatisfação por algo é refletido em um caminhar com os ombros para frente e fazendo o tradicional “corpo mole”.

 

Os braços

 

Braços cruzados são interpretados como de alguém que está a passar uma mensagem negativa e fechada a novas idéias ou ao meio ambiente como um todo ; ou então, como insatisfação, desinteresse ou indignação. É importante, entretanto, contextualizarmos os gestos, pois o corpo pode instintivamente cruzar os braços quando a temperatura baixar ou quando estiver cansado. Os braços abertos, em contrapartida, revela receptividade, interesse, alegria, pois nesta condição o coração fica completamente exposto.

 

As mãos

 

As gesticulações manuais constituem uma forte aliada na comunicação, quer acompanhada com a fala ou como expressão entre os surdo-mudos. O instinto das pessoas de segurarem algo na mão quando estão nervosas deve-se ao fato de que manusear algo faz com que o cérebro ative menos as substâncias responsáveis pelo estresse e ansiedade. Muitas pessoas conseguem deixar o vício do tabaco apenas segurando algum objeto na mão. Coçar a cabeça, pegar na orelha, passar a mão no rosto são gestos que expressam desconforto ou impaciência e, de certa forma, buscam aliviar a tensão.

 

O pescoço

 

Assim como no simbólico, uma pessoa que apresenta um pescoço rígido, significa que suas idéias e emoções estão rigidas. Coçar o pescoço, abaixo da orelha, pode indicar que a pessoa possui alguma incerteza ou dúvida.

 

A cabeça

 

Em uma negociação, pessoas que coçam a nuca tendem a ser negativas e críticas, já as que coçam a testa, costumam ser mais abertas. Nierenberg (2000), observou que executivos que mentiam ou escondiam algo, costumavam colocar as mãos no bolso, além de esfregar os olhos ou mesmo desviar o olhar. Os que colocavam a mão para apoiar a cabeça é porque estavam com tédio.

O nariz, simbolicamente, está relacionado com poder, orgulho. Na linguagem informal fala-se que uma pessoa que anda com o “nariz em pé”, quer dizer que passsa um ar de insolente. Quando exageradamente empinado, apontando para o céu, sinaliza a infantilidade. A bola no nariz do palhaço é a marca oficial de descaso e descaramento diante aos sistemas tradicionais do mundo. Torcer o nariz, inflar as narinas ou subir as narinas são movimentos corporais que indicam desagrado ou raiva.

 

Alberto Maury - Psicólogo e Diretor do Instituto Órion de Psicologia

 

 

 

 

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