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   Síndrome do Pânico

 

  

Até a década de 80, o emprego da palavra pânico  em psicopatologia era raro e não sistemático. O pânico estava usualmente relacionado com os intermináveis itens da angústia e era descrito de modo breve e geral. No entanto, há muito já impressionavam aos clínicos e pesquisadores os acessos de angústia tão intensos que davam a viva impressão de estar morrendo, enlouquecendo, ainda que inexplicáveis às circunstâncias de sua vida psíquica consciente. Ainda que não tivessem um destaque especial e uma diferenciação diagnóstica as “crises de pânico” há muito tempo vem acompanhando a humanidade.

Sintomas da Síndrome de Pânico

         É comum as pessoas se referirem àquelas pessoas que tem um medo muito forte como se sofressem de “pânico”. Devemos, entretanto, diferenciar entre o que seja fobias (medos) de  “transtorno do pânico” ou “síndrome do pânico. As fobias são medos que possuem causa definida. Por exemplo: medo de lugares fechados (claustrofobia) ; medo de multidão (agorafobia) medo de água (hidrofobia) Estas fobias não vem acompanhadas dos sintomas do transtorno do pânico, pois são medos específicos e aumentam ou diminuem conforme a aproximação ou distanciamento do objeto. Já a Síndrome de Pânico é um transtorno de ansiedade e sua característica principal é a de não ter hora nem lugar para ocorrer. Pode ocorrer subitamente quando a pessoa caminha pela rua, dirige o carro, assiste a uma aula ou mesmo dormindo.

Importante entender que quando fala-se de uma “síndrome”, esta refere-se a um conjunto de sinais e sintomas. Então, o conjunto de sintomas que ocorrem no momento em que uma pessoa está sofrendo uma crise de pânico normalmente configuram-se da seguinte forma:

  • Contrações / tensões musculares ;

  • Palpitações ;

  • Tonturas, náuseas ;

  • Dificuldade em respirar ;

  • Calafrios ou ondas de calor

  • Sudorese

  • Sensação iminente de morte

  • Confusão, pensamento rápido

  • Medo de perder o controle, fazer algo embaraçoso

Uma crise de pânico dura, em média, 20 minutos, e é uma das situações mais angustiantes que pode ocorrer a alguém. A conseqüência natural de quem sofreu uma crise de pânico é desenvolver um medo irracional de sentir novamente. Então gera-se o “medo do medo”.

Causas do Transtorno do Pânico

De acordo as teorias biopsicológicas atuais, o sistema de "alerta" do organismo - um conjunto de mecanismos físicos e mentais que permitem que uma pessoa reaja a uma ameaça – é acionado durante a crise de pânico, porém sem que haja um perigo concreto. Fisiologicamente a explicação é a de que ocorra um desequilíbrio na produção de neurotransmissores levando regiões específicas do cérebro a transmitir informações e comandos incorretos - a de um perigo iminente. E é isto o que ocorre em uma crise de pânico: existe uma informação incorreta alertando e preparando o organismo para uma ameaça ou perigo que na realidade não existe.

         As explicações psicológicas caminham de forma complementar às fisiológicas, porém com o foco na identificação das possíveis causas do desequilíbrio por um motivo de humor. Como a síndrome do pânico é classificada como um transtorno de ansiedade, observa-se que os padrões cognitivos recorrentes nestas pessoas incluem uma extrema preocupação com a preservação da vida (de si mesmo, como a dos outros), perfeccionismo, traumas não resolvidos, entre outras possíveis causas, que devem serem buscados e tratados nas sessões de psicoterapia. Quem sofre de pânico normalmente também vive um quadro de depressão e pode também desenvolver agorafobia (medo de multidões).

Vale ressaltar ainda que alguns medicamentos como anfetaminas (usados em dietas de emagrecimento) ou drogas (cocaína, maconha, crack, ecstasy, etc), provocam alterações químicas que podem servir de gatilho às crises de pânico.

 

Realidades do Transtorno do Pânico

O primeiro passo para um tratamento eficaz é a realização de um diagnóstico diferencial com especialistas. É muito comum em nossa prática clínica encontrar pessoas que sofrem de pânico que passaram por uma bateria de exames médicos e as conclusões foram as mais diversas, pois ansiedade e pânico não aparecem em exames físicos. Por causa dos seus sintomas desagradáveis, ele pode ser confundido com uma doença cardíaca ou outra doença grave. Freqüentemente as pessoas que sofrem a crise dirijem-se imediatamente ao pronto-socorro, mas como nada pode ser feito, permanecem levemente sedadas, até que a crise passe por completo.

Porém, o transtorno do pânico é real e potencialmente incapacitante, pois as pessoas gradualmente começam a perder a confiança em si mesmas e imaginar que podem sofrer a crise no meio da rua. Por isso é muito importante um bom tratamento, ao qual consiste em administração medicamentosa (psiquiatras ou neurologistas) e acompanhamento psicológico (tratamento da ansiedade), assim como atividade física.

 

População Atingida

O transtorno do pânico é considerado um problema sério de saúde. Atualmente 2 a 4% da população mundial sofre deste mal, sendo mais mulheres que homens em uma proporção de 3 para 1. Em sua maioria são pessoas jovens (faixa etária de 21 a 40 anos), que encontram-se na plenitude de suas vidas.

O perfil destas pessoas costuma apresentar aspectos em comum: geralmente pessoas extremamente produtivas profissionalmente, que assumem carga excessivas de responsabilidades e afazeres, bastantes exigentes consigo mesmas, porém, que não convivem bem com erros ou imprevistos. Tendência a se preocuparem excessivamente com problemas cotidianos, alto nível de criatividade, perfecionismo, excessiva necessidade de estar no controle e de aprovação, altas expectativas consigo mesmas, pensamento rígido, competente e confiável, repressão de sentimentos negativos (os mais comuns são, o orgulho e a irritação), tendência a ignorar as necessidades físicas do corpo, entre outras. Essa forma de ser acaba por predispor essas pessoas a situações de estresse acentuado, fato este que pode levar ao aumento intenso da atividade de determinadas regiões do cérebro desencadeando assim um desequilíbrio bioquímico e conseqüentemente as crises de pânico. Pode ocorrer também em pessoas que sofrem de estrese pós-traumático.

Tratamento para Transtorno do Pânico

O tratamento para transtorno do pânico deve ser trabalhado em duas vias : psicoterapia e medicamentos, como já foi dito. Os medicamentos são importantes para restabelecerem o equilíbrio bioquímico cerebral e evitar novas crises. A psicoterapia, trabalha  as possíveis causas cognitivas que levaram ao desequilíbrio neurológico e ajuda o paciente a enfrentar suas dificuldades, reconhecendo o modo como vem operando diante às situações do mundo, e assim promovend as mudanças internas e externas necessárias, considerando que cada caso é um caso. 

Para as Pessoas que Convivem com as que Sofrem

O transtorno do pânico não é loucura e nem um capricho. Infelizmente é comum que os distúrbios psíquicos sejam interpretados como simples fraqueza de caráter pelas pessoas mais próximas. O melhor jeito para conviver com uma pessoa que sofre do transtorno do pânico é  buscar compreender sua angústia e ajudá-la principalmente quando está em meio a uma crise. Se ela perceber que aquele que está ao seu lado a entende e a aceite, isso já ajudará bastante, mesmo sabendo que somente isso ainda não resolverá.

 

Por fim, as pessoas que sofrem de pâncio precisam lembrar sempre que a crise é passageira e que nunca ninguém morreu em uma crise de pânico. Isso é importante !! A sensação é de morte, porém, não leva à morte. Assim, acolhimento, abraço forte e controle da respiração pela barriga, promovendo um relaxamento são métodos eficazes na diminuição do tempo da crise. E, sem dúvida, buscar ajuda profissional, para que nunca mais tenha uma crise.

Alberto Maury – Psicólogo

Para saber mais :

Contribuição à psicopatologia dos ataques de pânico. Autor : Mário Eduardo Costa Pereira. Editora : Lemos Editorial

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