top of page

 

 

 

ARQUÉTIPOS

 

 

“Os arquétipos são fatores formais responsáveis pela organização dos processos psíquicos inconscientes: são os patterns of behaviour (padrões de comportamento). Ao mesmo tempo , os arquétipos tem uma  ‘uma carga específica’:  desenvolvem efeitos numinosos que se expressam como afetos”. C.G.Jung

 

 

O estudo dos arquétipos foi mais uma das contribuições inovadoras de Jung à psicologia contemporânea. Como tal, pouco compreendido pelos leigos, que tecem seus comentários por meio de citações retiradas de um contexto mais amplo, as carregam de preconceitos e críticas pela falta de um método eficiente que demonstrem sua existência. Para que não proporcionemos mais uma possibilidade de erro neste sentido, nunca é demais aconselhar aos leitores realmente interessados nas idéias de Jung que procurem as fontes límpidas lendo diretamente suas obras ou aqueles autores que conseguiram simplificar as ideias sem perder a essência da ideia original (sugestões seguem no final do texto).

 

Jung, como profundo estudioso das religiões comparadas, dos mitos e símbolos, resgata um vasto tesouro psicológico destas tradições e constata que os Arquétipos não eram apenas teorias filosóficas ou míticas. Em suas vistias a tribos e lugares exóticos pode constatar que certos padrões de idéias apareciam entre os povos sem que houvesse contato direto entre eles. Podemos imaginar que, se nossa humanidade viesse a desaparecer, restando apenas alguns poucos indivíduos, logo se restabeleceria uma nova civilização com as mesmas idéias, os mesmos temas, porém, com “roupagens” diferentes. Mas, o que de fato ocorre é um movimento cíclico na evolução histórica da humanidade, com os conteúdos arquetípicos manifestando-se como pano de fundo no processo civilizatório. Diz Jung : “...se não podemos negar os arquétipos, ou mesmo neutralizá-los, a cada novo estágio de diferenciação da consciência que a civilização atinge confrontamo-nos com a tarefa de encontrar uma nova interpretação apropriada a esse estágio, a fim de conectar a vida do passado, que ainda existe em nós, com a vida do presente, que ameaça dele se desvincular.”

 

Jung define Arquétipos como motivos psicológicos comuns a todos os povos, herança da humanidade; eles constituem os “elementos primordiais e estruturais da psique humana”. Os arquétipos não podem ser estudados empiricamente, pois são irrepresentáveis, contudo, seus efeitos ou aparições ocorrem por imagens, idéias ou sonhos. Diz Jung : “Os arquétipos... se apresentam como idéias e imagens, da mesma forma que tudo o que se torna conteúdo da consciência”. E mais : “Os arquétipos são, por definição, fatores e motivos que ordenam os elementos psíquicos em determinadas imagens, caracterizadas como arquetípicas, mas de tal modo que podem ser reconhecidas somente pelos efeitos que produzem.”

 

Jung faz uma analogia dos arquétipos com os instintos, de modo que ambos são herdados pela humanidade, guardada suas diferenças e peculiaridades. Explica que os Arquétipos “são herdados junto com a estrutura cerebral – constituem, de fato, o seu aspecto psíquico. Representam, de um lado, um poderoso conservadorismo instintivo e são, por outro lado, os meios mais eficazes que se pode imaginar de adaptação instintiva.”  Assim como os instintos naturais do homem são comuns a toda a espécie, o mesmo ocorre com os arquétipos, como possibilidade a toda humanidade, ou seja idéias e imagens de ordem coletiva.

 

Vejamos o esquema apresentado no livro “A Natureza da Psique”:

 

INSTINTOS                                                                              ARQUÉTIPOS

Infravermelho   -------------------------------------------------------------  Ultravioleta

 

Os instintos relacionam-se com o fisiológico que se manifesta através dos sintomas corporais, percepções instintivas, etc. Os arquétipos com o psicológico que se  relaciona com o espírito, sonhos, concepções, imagens, fantasias,etc.  Jung comenta que “é como se o instinto se situasse, por assim dizer, na parte infravermelha do espectro, ao passo que a imagem do instinto situa-se na parte ultravioleta.

 

Apesar de todo este comparativo didático com os instintos, os Arquétipos se encontram como um contraponto da consciência, pois na realidade são constituídos de todas as imagens, símbolos e aspirações que inspiram a saga do Herói e a conquista do Si-Mesmo: “ele (Arquétipo) é oceano ao qual se encaminha todos os rios, o prêmio que o herói arrebata na luta contra o dragão” , ressalta Jung.  

 

 

Sugestões de Leituras :

 

Símbolos da Transformação

Fundamentos da Psicologia Analítica

A Natureza da Psique

 

Todos de C.G.Jung, Ed. Vozes.

 

 

Alberto Maury 

Psicólogo e Diretor do Instituto Órion de Psicologia 

 

bottom of page