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Consciente e Inconsciente

 

 

 

 

  “Sabemos tão pouco o que é a psique quanto o que é a vida. Enigma mais que suficiente para não sabermos até que ponto o ‘eu’ é ‘mundo’ e até que ponto o ‘mundo’ é ‘eu’!” 

 

C.G.Jung-Psicologia em  Transição

 

 

 

         A psicologia como ciência relaciona-se, primeiramente, com a consciência, mas também trata dos conteúdos que, usualmente, chamamos  inconsciente. Os conteúdos inconscientes são aqueles que estão em uma camada da psique que, a princípio, não podem ser identificados por estarem esquecidos, reprimidos, sem acesso. In-consciente, como indica o termo, refere-se aos conteúdos não conscientes, fora da margem da consciência. A consciência, entretanto, é um fenômeno intermitente, pois passamos quase que a metade da vida em condições inconscientes. A primeira infância quase toda é passada inconsciente; mergulhamos diariamente no inconsciente ao dormirmos e apenas entre o despertar e o dormir novamente é que temos uma consciência mais ou menos desperta e, em certo sentido, bastante questionável como dizia Jung, pois vivemos muitos devaneios e distrações.

 

         A consciência do “eu”, portanto, é ainda fragmentada, visto que estamos constantemente nos auto conhecendo e nos transformando. A consciência é vista por Jung como uma superfície ou uma película cobrindo a vasta área inconsciente cuja extensão é desconhecida. O inconsciente, por sua vez, é uma região que desconhecemos sua extensão e ao qual nada se pode provar diretamente, pois sua natureza não está conjugada com os métodos e paradigmas de observação da ciência atual. Para compreendê-lo teríamos que re-criar uma nova ciência, com novos métodos capazes de observá-lo e assim como a outros fenômenos desconhecidos e poucos explorados da natureza humana.

 

         A psicologia em geral nos diz que a consciência é, sobretudo, um produto da percepção e orientação no mundo externo com uma possível localização cerebral que retenha tais qualidades de sensação e orientação. Jung, porém,  discorda das concepções dos psicólogos franceses e ingleses do séc. XVII e XVIII que tentaram derivar a consciência especificamente dos sentidos, considerando-a como um produto exclusivo de dados sensoriais ; tal concepção, para Jung,  estaria baseada na velha concepção de que “nada existe no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos”. Seguindo o mesmo raciocínio, Freud concebeu que o inconsciente deriva do consciente, ou seja, nada existe no inconsciente que não tenha passado antes pelo consciente. Jung não concebe desta forma a dinâmica consciente-inconsciente, pois acredita que também pode ocorrer o reverso, ou seja, do inconsciente partir conteúdos ao consciente, sem antes ter passado pela consciência, o que lhe deu a convicção da existência dos arquétipos e do inconsciente coletivo.

 

 

Para saber mais:

 

A Vida Simbólica. C.G.Jung. Ed.Vozes

O Eu e o Inconsciente. C.G.Jung. Ed.Vozes

 

Alberto Maury

Psicólogo e Diretor do Instituto Órion de Psicologia 

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